ATIVIDADE, IMAGINAÇÃO E SISTEMAS PSICOLÓGICOS: A ATIVIDADE
CRIADORA COMO EXPRESSÃO DA IMAGINAÇÃO NAS OBRAS DE
VIGOTSKI E RUBINSTEIN. Alexandre Pito Giannoni. UFMS/Paranaíba.
[email protected]. Eixo Temático: Teoria Histórico-Cultural e Educação
ACTIVITY, IMAGINATION AND PSYCHOLOGICAL SYSTEMS: THE
CREATIVE IMAGINATION ACTIVITY AS EXPRESSION IN VYGOTSKY
AND RUBINSTEIN WORKS.
Resumo: Este trabalho possui como objetivo identificar qual a relação entre função
imaginativa e sistemas psicológicos e, como ocorre o desenvolvimento da atividade criadora, levando em consideração a participação de outras funções psicológicas
superiores nesta atividade do sujeito. Para isso utiliza-se como referencial teórico a psicologia histórico-cultural e outras vertentes da psicologia soviética. Adota-se como modelo o conceito de sistemas psicológicos, desenvolvido pelo psicólogo Liev
Semiónovich Vigotski (1896-1934). A partir da ideia de que as funções psicológicas estabelecem relações entre si, busca-se encontrar em outras correntes da psicologia
soviética, a relação entre imaginação e demais funções psicológicas superiores. Analisa -se também neste trabalho as obras de Serguei Leonidovich Rubinstein (1889-1960), em seus escritos sobre a imaginação. Com isso busca-se encontrar as semelhanças e
diferenças com o conceito de sistemas psicológicos empregado por Vigotski e se para Rubinstein, outras funções psicológicas superiores também participam do processo
denominado atividade criadora. Nesta análise encontrou-se algumas semelhanças entre Vigotski e Rubinstein, o que fica evidente nas consideração sobre percepção e imaginação realizadas por Rubinstein.
Palavras-chave: Sistemas psicológicos. Atividade. Imaginação.
Abstract: This work aims to identify the relation between imaginative function and psychological systems and, as is the development of creative activity, taking into account the participation of other higher psychological functions in this activity of the subject. For
this is used as a theoretical reference the historical-cultural psychology and other aspects of Soviet psychology. It is adopted as a model the concept of psychological systems,
developed by psychologist Lev Vygotsky Semiónovich (1896-1934). From the idea that psychological functions establish relationships with each other, we seek to find in other currents of Soviet psychology, the relationship between imagination and other higher
mental functions. also considers whether in this work the works of Sergei Leonidovich Rubinstein (1889-1960), in his writings on imagination. It seeks to find the similarit ies
and differences with the concept of psychological systems employed by Vygotsky and Rubinstein for other higher mental functions also participate in the process called creative activity. In this analysis it was found some similarities between Vygotsky and Rubinste in,
which is evident in the consideration of perception and imagination made by Rubinste in. Keywords: psychological systems. Activity. Imagination.
1. Introdução
Compreender o desenvolvimento da função imaginativa a partir da psicologia
histórico-cultural e outras correntes que se desenvolveram na União Soviética, signif ica
recuperar o debate histórico sobre os fundamentos destas teorias, ou seja, a filosofia do
marxismo e o desenvolvimento do materialismo histórico dialético. Portanto, os
fundamentos marxistas estão expostos neste trabalho como fundamento e método da
psicologia histórico-cultural e outras correntes soviéticas da psicologia como a de
Rubinstein, por exemplo.
A compreensão sobre o desenvolvimento da imaginação1, enquanto função
psicológica superior e parcela da personalidade humana, requer, ainda que brevemente,
realizar uma reconstrução histórica da psicologia na União Soviética, identificando como
se fez possível o desenvolvimento da psicologia histórico-cultural e de outras vertentes
da psicologia soviética que possuíam como objetivo, o desenvolvimento do novo homem
e da nova mulher socialista. Assim, busca-se explicar alguns conceitos desenvolvidos
pelos soviéticos como a atividade, funções psicológicas superiores e sistemas
psicológicos. A importância de se retornar aos autores originais ganha destaque ao
analisar as obras de Vigotski e Rubinstein, apontando as diferenças teóricas e
classificando Rubinstein como formador de uma própria escola, diga-se de passagem, que
diverge teoricamente da psicologia histórico-cultural.
Para cumprir o objetivo geral deste trabalho e a apresentação histórica do
desenvolvimento da psicologia na União Soviética, e como se fez presente o pensamento
marxista neste período, cabe retornar aos próprios criadores do marxismo e identificar
esse pensamento presente posteriormente nas obras da psicologia histórico-cultural e
demais vertentes soviéticas.
2. A importância dos fundamentos marxistas para o desenvolvimento da psicologia
soviética
Como é de conhecimento dos historiadores e estudiosos da psicologia histórico-
cultural, essa teoria se desenvolve as luzes da filosofia marxista. Vários conceitos
empregados pelos psicólogos soviéticos possuem como base as ideias de Marx, Engels,
Lenin e outros filósofos que desenvolveram suas ideias a partir do materialismo histórico -
dialético. O método marxista, diga-se de passagem, o materialismo histórico-dialé t ico
possui uma grande diferença de outras correntes do materialismo. A principal diferença
1 Devido ao curto espaço deste trabalho, a função imaginativa encontra -se aqui restrita apenas em sua relação com os sistemas psicológicos e atividade criadora. Assim, as leis gerais de seu desenvolvimento não serão exploradas neste trabalho. As descrições e explicações gerais desta função psicológica superior,
encontram-se disponíveis nos resultados de pesquisa sobre o desenvolvimento da função imaginativa a partir da poesia e l iteratura de Giannoni e Paccini (2014).
apontada por Marx e Engels encontra-se na própria atividade dos seres humanos na
realidade. Para os filósofos
O principal defeito de todo materialismo até aqui – o de Feurbach incluído –
consiste no fato de que a coisa (Gegenstand) – a realidade, a sensualidade –
apenas é compreendida sob a forma do objeto (Objekt) ou da contemplação
(Anschauung); mas não na condição de atividade humana sensível, de práxis ,
não subjetivamente. (MARX; ENGELS, 1845-1846/2007, p. 611).
A atividade prática e objetal dos seres humanos na realidade é de extrema
importância para sua humanização. Ela constitui uma grande diferença entre outras
correntes do materialismo que depositam a materialidade apenas no organismo dos seres
humanos. A atividade deve ser compreendida como a possibilidade dos seres humanos se
relacionarem com a natureza. É por meio dela que os seres humanos alteram a natureza,
e ao mesmo tempo que alteram a natureza, alteram a si mesmos (MARX, 1863/2013). Os
seres humanos são os únicos que alteram a natureza a partir de suas necessidades e
vontades, assim, tudo que existe na sociedade é fruto da atividade humana e nunca de
uma força divina superior, por exemplo. A natureza é transformada, humanizada pelos
seres humanos e neste processo de humanização da natureza, os seres humanos também
se humanizam (ILIENKOV, 1977). Nota-se ainda que brevemente a importância da
atividade objetal dos seres humanos, para Marx e Engels é atividade umas das principa is
diferenças entre os seres humanos e os animais. Eles escrevem que
O primeiro pressuposto de toda a história humana é, naturalmente, a existência
de indivíduos humanos vivos. [[Riscado no manuscrito: o primeiro ato
histórico desses indivíduos, através do qual eles se diferenciam dos animais,
não é o fato de eles pensarem, mas sim o de eles começarem a produzir seus
víveres (Lebensmittel).]]). (MARX, ENGELS, 1845-1846/2007, p. 41/42).
A atividade do sujeito é o que possibilita a produção dos víveres, ou seja, dos
meios necessários para a garantia das satisfações das necessidades humanas. Sem a
atividade, a produção dos víveres seria algo impossível, e a humanidade ainda estaria
cultivando o fogo em uma caverna para que este não se apagasse. Portanto, a satisfação
das necessidades não ocorre sem a atividade. Encontra-se nesta afirmação uma grande
diferença entre os seres humanos e os animais. Os primeiros medeiam sua relação com a
natureza a partir da atividade e da utilização de instrumentos que facilitam a satisfação
das necessidades. Os segundos alteram a natureza apenas pelo simples fato de estarem na
natureza, de uma forma totalmente imediata. Assim, os seres humanos se diferenc iam
dos animais, pelo desenvolvimento dos meios que garantem a satisfação de suas
necessidades. Ao criar esses meios, surgem então novas necessidades que assim como as
anteriores devem ser satisfeitas a partir de novos meios que serão desenvolvidos e, estes
só se desenvolvem a partir da atividade humana.
Ao se iniciar uma revisão histórica da psicologia na União Soviética deve-se de
fato buscar esses fundamentos. Ainda para Marx e Engels “toda a historiografia tem de
começar a partir desses fundamentos naturais e de sua modificação através da ação dos
homens no decorrer da história.” (MARX; ENGELS, 1885-1846/2007, p. 42). Na relação
que os seres humanos estabelecem com a natureza, os mesmos iniciam a própria produção
de meios materiais para a sobrevivência e satisfação de suas necessidades. A constituição
dos indivíduos será determinada por esse fato apresentado pelos filósofos. O que eles são,
dependerá do modo que eles produzem e como eles produzem.
Em decorrência do processo de produção e reprodução da vida material, os seres
humanos estabelecem novas relações com outros seres humanos, assim também se
desenvolve a própria divisão do trabalho, inicialmente como divisão entre campo e cidade
que posteriormente dará origem a propriedade privada. (MARX; ENGELS, 1845-
1846/2007). Com a divisão do trabalho, a propriedade privada e com novas relações
estabelecidas pelos seres humanos, novas ideias começam a se desenvolver. Estas ideias,
assim como as relações que os seres humanos estabelecem entre eles apenas se
desenvolveu com a própria atividade material. A consciência dos seres humanos também
se desenvolve neste processo ativo na relação com a realidade concreta.
Para Marx e Engels (1845-1846/2007) “não é a consciência que determina a vida,
mas a vida quem determina a consciência.” (p. 49). O que o ser é e as relações que ele
estabelece enquanto indivíduo ativo no processo de produção material da vida,
determinará suas relações posteriores com outros indivíduos que também são ativos na
produção e reprodução da própria vida social, política e intelectual.
Rubinstein, psicólogo e filósofo soviético, busca explorar em seu artigo,
Princípios filosóficos da psicologia. Os primeiros manuscritos de Karl Marx e os
problemas da psicologia2, a influência e a importância de Marx para o desenvolvimento
da psicologia na União Soviética. Para o psicólogo, a filosofia marxista sustenta todo o
pilar da psicologia soviética. Rubinstein ainda salienta que nas obras de Marx encontra -
se o ser humano, porém não o ser humano abstrato, ou a abstração do mesmo, mas sim o
ser humano concreto, que estabelece relações com outros seres humanos e neste caminho
se desenvolve, se humaniza. Rubinstein também aponta o fato de que em toda a obra de
2 Algumas citações, assim como, referências deste trabalho se encontravam em espanhol e foram traduzidas l ivremente pelos autores.
Marx, existe apenas um único material que este trata de assuntos propriamente ditos da
psicologia, sendo esse, os Manuscritos econômico-filosóficos escrito em 1844. Para
Rubinstein, esse trabalho de Marx se classifica como um acerto de contas com Hegel e o
início do desenvolvimento da filosofia do materialismo histórico-dialé t ico
(RUBINSTEIN, 1934/1963). Vale deixar claro ainda, que a importância de Marx para a
psicologia vai para além dos Manuscritos econômico-filosóficos, como o próprio método
do materialismo histórico-dialético. Mas vale retornar também aos manuscritos de 1844
e identificar sua importância para o desenvolvimento da psicologia na União Soviética.
Nos Manuscritos econômico-filosóficos, Marx realiza uma discussão sobre o
trabalho estranhado, ou seja, a forma pela qual a objetivação do trabalhador se volta
contra ele em uma figura completamente estranha a si mesmo. A atividade que deveria
ser a essência de todo o desenvolvimento humano, torna-se apenas um meio de existênc ia
para o trabalhador. Essa mesma atividade deveria possuir grande importância para toda a
humanização, já que é por meio dela que o indivíduo altera a natureza. Em O Capital,
obra em que Marx desenvolve sistematicamente o conceito de trabalho encontra-se que:
O trabalho é, antes de tudo, um processo entre o homem e a natureza, processo
este em que o homem, por sua própria ação, medeia, regula e controla seu
metabolismo com a natureza. Ele se confronta com a matéria natural como com
uma potência natural [Naturmacht]. A fim de se apropriar da matéria natural
de uma forma útil para sua própria vida, ele põe em movimento suas forças
naturais pertencentes a sua corporeidade: seus braços e pernas, cabeça e mãos.
Agindo sobre a natureza externa e modificando-a por meio desse movimento ,
ele modifica, ao mesmo tempo, sua própria natureza. Ele desenvolve as
potências que nela jazem latentes e submete o jogo de suas forças a seu próprio
domínio. Não se trata, aqui, das primeiras formas instintivas, animalescas
[tierartig], do trabalho. Um incomensurável intervalo de tempo separa o
estágio em que o trabalhador se apresenta no mercado como vendedor de sua
própria força de trabalho daquele em que o trabalho humano ainda não se
desvencilhou de sua forma instintiva. Pressupomos o trabalho numa forma em
que ele diz respeito unicamente ao homem. (MARX, 1867/2013, p. 255).
O trabalho é a atividade vital e central dos seres humanos, e é por meio dele que
os seres humanos alteram a natureza, transformando ao mesmo tempo sua natureza
interna. O trabalho é, portanto, sempre uma atividade orientada a um fim, que pressupõem
sua representação em forma ideal antes do próprio processo de trabalho. O trabalhador
possui a capacidade de antecipar seus atos antes mesmo de executá-los. Assim, “os
momentos simples do processo de trabalho são, em primeiro lugar, a atividade orientada
a um fim, ou o trabalho propriamente dito; em segundo lugar, seu objeto e, em terceiro,
seus meios.” (MARX, 1867/2013, p. 256). Sem os meios – instrumentos, máquinas e
instalações - para que o trabalhador produza um determinado valor de uso, por exemplo,
o trabalho seria impossível. No final do processo de trabalho surge a materialização do
produto
Porém, nos Manuscritos econômico-filosóficos, Max não aborda apenas a relação
entre trabalhador e trabalho estranhado. O desenvolvimento histórico dos sentidos e da
constituição das potencialidades humanas também é abordado neste trabalho. Para Marx,
cada uma das relações estabelecidas pelos seres humanos são:
[...] relações humanas com o mundo, ver, ouvir, cheirar, degustar, sentir,
pensar, intuir, perceber, querer, ser ativo, amar, enfim todos os órgãos de sua
individualidade, assim como os órgãos que são imediatamente em sua forma
como órgãos comunitários, || VII| são no seu comportamento objetivo ou no
seu comportamento para com o objeto a apropriação do mesmo, a apropriação
da efetividade humana; seu comportamento para com o objeto é o acionamento
da efetividade humana (por isso ela é precisamente tão multíplice (vielfach)
quanto multíplices são as determinações essenciais e atividade humanas),
eficiência humana e sofrimento humano, pois o sofrimento, humanamente
apreendido, é uma autofruição do ser humano. (MARX, 1844/2010, p. 108).
Todo o psiquismo humano, assim como, o desenvolvimento de suas funções
psicológicas superiores é fruto dessa apropriação humana. A mediação do instrumento –
e o trabalho que é central na vida humana - torna-se também de extrema importância para
que isso ocorra. Vale lembrar que, neste momento que Marx escreve, a ciência
psicológica ainda encontrava-se apenas como um ramo da filosofia, portanto, desenvolver
ideias que fossem psicológicas significava desenvolver ideias filosóficas. Ao afirmar que
o pensamento, o sentimento – e outras funções psicológicas superiores, como os
soviéticos denominariam posteriormente em seus estudos – são frutos da apropriação dos
seres humanos, Marx abre o caminho para o desenvolvimento de uma psicologia
instrumental, histórica e cultural. Assim sendo, o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores é o resultado da apropriação pelo sujeito das objetivações do
gênero humano. Portanto, as funções psicológicas superiores somente se desenvolvem a
partir do momento em que se cria condições para que isso ocorra. Assim como, “o olho
se tornou olho humano, da mesma forma como o seu objeto se tornou um objeto social,
humano, proveniente do homem para o homem.” (MARX, 1844/2010, p. 109). É apenas
com a mediação do outro, que as funções psicológicas se complexificam e apresentam
características tipicamente humanas. Uma criança que cresce na selva, possui
características humanas, suas estruturas biológicas são humanas, porém, não é
humanizada, seu olho não se tornou humano, seus sentimentos não se desenvolveram ao
ponto de se encantar com uma obra de arte3 e sua linguagem principalmente não
possibilitou o desenvolvimento de seu pensamento.
Como síntese dessa primeira parte do trabalho, vale dizer que os fundamentos
marxistas para a psicologia soviética não se esgotam nesta discussão, mas pelo pequeno
espaço, resume-se aqui esses pontos considerados de extrema importância para a
psicologia histórico-cultural e outras correntes soviéticas. A atividade e o trabalho como
atividade principal na vida dos seres humanos ganha destaque nestas referências
apresentadas, a apropriação histórica dos sentidos humanos e das características
tipicamente humanas também se encontra presente no desenvolvimento teórico de
Vigotski, Luria, Leontiev, Rubinstein e outros teóricos da psicologia. É justamente esses
três pontos – a atividade, os sentidos humanos e o caráter histórico desses elementos –
que Rubinstein (1934/1963) apresenta como base que sustenta toda a psicologia soviética.
Segundo Rubinstein, a psicologia soviética se desenvolve sobre três princíp ios
básicos do marxismo. O primeiro aparece como a importância da atividade prática e
teórica dos seres humanos no desenvolvimento do sujeito e de seu psiquismo. O segundo,
relacionado com o primeiro, se faz presente no mundo dos objetos. Neste sentido, todos
os objetos criados pelo trabalho humano, condicionam o desenvolvimento das
características tipicamente humanas. O terceiro e último princípio apresentado por
Rubinstein aparece na afirmação de que tanto a psicologia humana, como as próprias
potencialidades ou sentidos humanos se desenvolvem em conjunto a história da
humanidade. Cada nova necessidade criada e satisfeitas modifica qualitativamente as
assim chamadas características tipicamente humanas (RUBINSTEIN, 1934/1963).
Os fundamentos marxistas da psicologia histórico-cultural e outras vertentes
soviéticas não se esgotam aqui. Outros autores discutiram a importância da compreensão
do trabalho de Marx para a apropriação do conhecimento produzido pelos psicólogos
soviéticos. Cabe agora identificar como esses fundamentos se relacionam com o
desenvolvimento teórico de Vigotski e outros psicólogos que desenvolveram uma
explicação sobre o desenvolvimento psicológico dos seres humanos, em específico, da
função imaginativa.
3. O desenvolvimento histórico da psicologia na União Soviética: A negação do
idealismo e da fisiologia para a afirmação de uma psicologia marxista
3 Em uma sociedade de classes em sua forma burguesa, muitas pessoas também não possuem acesso a obras de artes. Esse acesso encontra-se restrito para a classe trabalhadora.
A psicologia que se desenvolve enquanto ciência no final do século XIX, atinge
seu desenvolvimento teórico e filosófico na Rússia utilizando como filosofia de mundo o
marxismo após a Revolução de Outubro de 1917. Com a revolução socialista e a
concretização da União das Republicas Socialistas Soviéticas, a psicologia se desenvolve
com um novo objetivo: desenvolver um novo ser humano socialista. Porém, o caminho
para a resolução desse objetivo não ocorre no imediatismo.
A psicologia que tinha de se renovar enquanto ciência neste novo momento
histórico, enfrentava ainda resquícios do desenvolvimento teórico no período Czarista e
de censura das instituições do clérigo pertencentes a Rússia pré-revolucionár ia.
Rubinstein (1959/1963) afim de reconstruir a história da psicologia na União Soviética
enquanto ciência pautada no marxismo, escreve que a psicologia na Rússia Czarista se
caracterizava por sua predominância idealista. Para ele a emergência de uma psicologia
materialista neste período se fazia como uma tarefa quase impossível. Neste sentido, o
desenvolvimento teórico das ideias de fisiólogos para a psicologia encontravam-se
restritas a pequenos espaços das universidades russas.
Uma expressão teórica da fisiologia, que expressava a necessidade de realizar
estudos da psicologia a partir de uma corrente materialista foi Iván Mijailovich Séchenov
(1829-1905). O pai da fisiologia Russa foi um teórico que desenvolveu ideias capitais
sobre a atividade psíquica, somando grande importância no combate às teorias idealistas
e irracionalistas contemporâneas a ele, e que viriam a surgir. (SHUARE,1990). Séchenov
acreditava que os problemas da psicologia deveriam ser estudados pelos fisiólogos, a
partir dos reflexos do cérebro. Fez descobertas importantes para a ciência de sua época,
sendo perseguido e retalhado em várias instituições por sua vertente materialista. Para
alguns, principalmente membros da Igreja, a teoria de Séchenov ignorava e negava os
princípios da alma.
Séchenov apesar de seus interesses pelos fenômenos do psiquismo humano, não
conseguiu desenvolver uma escola psicológica materialista, justamente pelo período
histórico de suas publicações e censuras impostas pelo governo. Apesar de sua visão ainda
mecânica e fragmentada do psiquismo, Séchenov representou um grande avanço para a
ciência fisiológica e psicológica do fim do século XIX na Rússia. Posteriormente a
Séchenov, outros fisiólogos de grande importância surgiram na Rússia Czarista e
ganharam destaque em suas publicações fora do próprio país. Vladimir Mijailovich
Bekhterev (1857-1927) e Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936) representaram um
importante papel também no combate as teorias idealistas que vigoravam na ciência
psicológica (RUBINSTEIN, 1959/1963). A fisiologia surge em um primeiro momento
como uma negação as teorias idealistas da psicologia, porém não representava uma
superação para alguns problemas teóricos que estavam postos a ciência psicológica. A
superação teórica e a concretização de uma psicologia marxista somente se faz possível
sete anos após a Revolução de Outubro.
Apesar da grande representatividade do pensamento materialista da fisiologia, a
psicologia nas universidades até o final da década de 1910 se caracterizava como
majoritariamente idealista. Nas universidades da Rússia, em específico na Universidade
de Moscou, o pensamento idealista na psicologia estava vinculado ao nome de George
Ivanovich Chelpanov (1862-1936)4, que foi o fundador do Instituto de Psicologia de
Moscou, em 1911, e era um filósofo de orientação idealista. Luria (1992), escreve que
Chelpanov apropriado das discussões que estavam sendo realizadas na Europa,
desenvolve um laboratório de psicologia com alguns instrumentos experimentais típicos
da psicologia alemã. O trabalho de Chelpanov no Instituto de Moscou se limitava em
reproduzir experimentos de Wundt e Tichener. Apesar de Luria mencionar as pesquisas
que eram realizadas no instituto, ele não apresenta detalhes específicos. Outro fato
importante que caracterizava a predominância da psicologia idealista nas universidades
russas, se fazia presente nas publicações de Chelpanov, que havia desenvolvido um
manual geral sobre psicologia para os estudantes da área. Esse livro, diga-se de passagem,
que possuiu várias reimpressões somente deixa de ser um livro sagrado para os estudantes
de psicologia alguns anos após a Revolução de Outubro.
Após a Revolução, alguns autores apontaram a necessidade de desenvolver uma
psicologia que se orientasse a partir do marxismo. Como primeira expressão dessa
necessidade surge a figura de P. P. Blonski (1884-1941). O autor foi um importante
teórico na sistematização de críticas dirigidas as correntes idealistas no final da década de
1910 e início de 1920. Para Blonski os seres humanos não eram passivos na realidade,
assim como, as teorias idealistas propunham (PETROVSKI, 1976/1985). Blonski em suas
teorizações apontava também a necessidade de se compreender a atividade dos seres
humanos na realidade, mas assim como outros teóricos desse período, não possuía
4 Vale dizer que Chelpanov, foi um grande crítico também das correntes materialista s de sua época. Rubinstein (1959/1963) chama a atenção para críticas dirigidas a Séchenov e sua concepção materialista.
Como psicólogo idealista, Chelpanov estava combatendo a fi losofia materialista que estava ganhando forças no fim do século XIX já com os fisiólogos russos.
domínio do marxismo e propunha estudar os seres humanos a partir de métodos das
ciências naturais.
Mas, a expressão formal da necessidade de se desenvolver uma teoria psicológica
a partir dos métodos marxistas, surge somente com K. N. Kornilov (1879-1957), que no
I Congresso de Psiconeurologia de 1923 em Moscou, propôs aos participantes do
congresso que a psicologia se orientasse a partir da filosofia do marxismo-leninismo para
cumprir os novos objetivos de uma nova sociedade. Neste mesmo congresso Kornilov
apresenta uma proposta que embora fosse ingênua e ainda mecanicista, se caracterizava
como uma saída as teorias subjetivas e condutistas da psicologia (LURIA, 1992).
Kornilov denomina sua teoria como reatologia e ingenuamente escreve sobre a
concretização de uma psicologia marxista5.
Já no II Congresso de Psiconeurologia de 1924, realizado em Leningrado, as
propostas de se desenvolver uma psicologia marxista continuavam pautadas. Mas, como
discussão primordial era que a consciência fosse retirada do campo de estudos da
psicologia e se preferenciasse o comportamento. É neste momento que entra em cena
Vigotski, que defende a permanência dos estudos da consciência na psicologia, porém
agora isso deveria ser realizado a partir de métodos objetivos. Sobre a impressão
momentânea causada por Vigotski, Luria escreve que
Quando Vygotsky6 se levantou para dar sua palestra, não portava consigo
qualquer texto impresso, e nem mesmo notas. No entanto, falava fluentemente,
e parecia nunca ter que vasculhar a memória à procura da próxima ideia. Fosse
prosaico o conteúdo de sua fala, esta seria admirável pelo encanto de seu estilo.
Mas sua fala não foi, de modo algum prosaica. Ao invés de atacar um tema
menor, como talvez fosse conveniente a um jovem de vinte e oito anos que está
falando pela primeira vez aos decanos de sua profissão, Vygotsky escolheu
como tema a relação entre os reflexos condicionados e o comportamento
consciente do homem. (LURIA, 1992, p. 43).
A fala de Vigotski chama a atenção de Kornilov, que o convida para integrar o
Instituto de Psicologia de Moscou. É também neste mesmo momento que surge uma nova
parceria que envolveria Vigotski, Luria e Leontiev e que ficaria conhecida como a
“troika”. A colaboração entre estes três jovens pesquisadores foi de fundamenta l
5 Devido ao curto espaço deste trabalho, torna -se difícil apresentar detalhadamente a reatologia de
Kornilov e seu método pautado a partir de uma tríade hegeliana. Para um aprofundamento teórico sobre esse tema recomenda-se o capítulo A história da psicologia russa, do livro O desenvolvimento da psicologia, de Rubinstein. 6 Devido as várias grafias util izadas para traduzir o nome de Vigotski, quando em citações integrais ou referências, aparecerá escrito mantendo a originalidade das ci tações ou referências.
importância para o desenvolvimento da psicologia histórico-cultural e para a
compreensão da essência dos fenômenos do psiquismo humano (LURIA, 1992).
Como uma primeira expressão criativa para a superação das teorias existentes e a
criação de uma psicologia marxista, entra em cena a proposta de Vigotski, e seus
colaboradores. Sua proposta fundamentada no materialismo histórico-dialético e em uma
concepção monista do ser, enfrentou as teorias idealistas e as propostas condutistas que
estavam vigorando na psicologia. O método, a unidade entre atividade e consciência, as
funções psicológicas superiores entre outros problemas, aparecem a todo instante como
preocupação essencial em não apenas descrever, mas explicar todos estes problemas.
Cabe agora identificar como se desenvolve uma teoria da imaginação nesta teoria e como
essa função psicológica superior se relaciona com outras funções psicológicas dos seres
humanos e qual a importância da atividade para a objetivação da criação, sendo ela
técnica, científica ou artística.
4. Atividade, imaginação e sistemas psicológicos: A interdependência da imaginação
com os sistemas psicológicos e a atividade criadora como expressão da imaginação
Com o desenvolvimento teórico da psicologia soviética as luzes do marxismo,
novas pesquisas começam a surgir. Dentre elas, a troika se destaca por seus trabalhos com
o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Em paralelo as pesquisas da
troika, entra em cena também as pesquisas de Rubinstein, o qual apontava a necessidade
de compreender não apenas a atividade psíquica dos seres humanos, mas também a
atividade prática (RUBINSTEIN, 1934/1963).
Em primeiro lugar surge a atividade prática, para somente depois dar origem as
formas superiores do comportamento humano. Como escreveu Luria (1992), Vigotski foi
um dos primeiros teóricos a compreender a importância da atividade, diga-se de
passagem, em um sentido estritamente marxista. Mas, apesar de em Vigotski se encontrar
o germe do conceito de atividade, foi S. L. Rubinstein e A. N. Leontiev que se dedicaram
ao estudo desse problema, descrevendo e explicando as principais leis da atividade.
Rubinstein, como de praxe, se diferencia ao explicar a atividade, e seus seguidores,
segundo Shuare (1990) acusam Leóntiev de “psicologizar” esse conceito. É claro que são
críticas rasas e sem cunho teórico algum, como menciona a psicóloga argentina.
É importante compreender mesmo que brevemente, o significado da atividade
para os soviéticos. Neste sentido, vale buscar em Rubinstein, como se constitui a atividade
e qual sua importância para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores, em
específico da imaginação. A atividade, ainda nas obras de Rubinstein, ganha maior
destaque nos Princípios de psicologia geral. Nela, o autor sistematiza o que compreende
por atividade e quais os processos envolvidos em sua objetivação. No centro de sua
elaboração teórica aparecem novos conceitos: a ação, o motivo e fim. Todos estes
conceitos fazem parte da compreensão da atividade para Rubinstein. A ação representa
para o autor parte da atividade, nunca como uma ação isolada, mas sim como uma
totalidade, a atividade. A atividade também estaria dotada de uma finalidade e um motivo
para que o sujeito a realize (RUBINSTEIN, 1940/1967).
Ao elaborar as características da atividade, Rubinstein salienta que a primeira
tarefa a se levantar é pensar nela como uma unidade. A atividade analisada como unidade
possui sempre um motivo e uma finalidade que leva a um resultado. O motivo está
diretamente ligado as necessidades ou interesses do sujeito, que se formam em um meio
social. Outro elemento que representaria uma parcela da atividade é a ação. Para o autor,
a ação representa um meio e um fim ao mesmo tempo. Ela é meio na resolução da
atividade, como parte constituinte dessa atividade, mas também é fim, em sua própria
ação parcial. É por meio da atividade que também se manifesta a personalidade, mas a
personalidade, para além de se manifestar na atividade, também se desenvolve diante à
ela. Sua importância é para Rubinstein (1940/1967) marcada na análise dos chamados
fenômenos psicológicos, segundo ele
“Todos os processos psíquicos que empenhamos a estudar ao analisar a psique
humana, aparecem na realidade como fatores e aspectos do trabalho, do jogo e
do estudo, em geral, no ser ativo. Na realidade se manifes tam somente nas
vinculações e transições recíprocas de todos os aspectos da consciência dentro
da concreta atividade, em que se formam e pela qual são determinados.” (p.
626).
No momento que a atividade é uma atividade prática e exclusivamente humana,
ela também se generaliza. Existem segundo Rubinstein (1940/1967), diferentes tipos de
atividade, sendo o trabalho – a principal atividade humana –, o jogo e o estudo. Todas
elas estão para o autor vinculadas a atividade do trabalho.
Como escreve Rubinstein, é na atividade que se expressam os produtos referente
as funções psicológicas superiores. Todo o psiquismo é expresso por meio da atividade,
a personalidade também se expressa nela, mas com uma relação dialética. Ao mesmo
tempo que a personalidade se expressa ela se desenvolve no decorrer da atividade. A
função imaginativa também se desenvolve por meio da atividade. Mas, ao estudar a
imaginação deve-se considerar que ela não se desenvolve de forma isolada, assim como,
os produtos de sua atividade, deve-se estudar essa função psicológica superior a partir de
sua relação e interconexão nos sistemas psicológicos (VIGOTSKI, 1930/1999).
Os sistemas psicológicos são para Vigotski (1930/1999) o meio pelo qual as
funções psicológicas superiores se interligam e, no decorrer do desenvolvimento humano
tais funções se desenvolvem, porém não ocorre apenas o desenvolvimento isolado destas
funções, mas sim, uma mudança qualitativa entre todas as funções psicológicas. Não é
apenas uma função isolada que se altera, mas também a relação e a interconexão de todas
as funções psicológicas superiores. Desta maneira no decorrer do desenvolvimento
humano novas conexões se formam. Como exemplo, pode-se pensar na relação entre
memória e pensamento. Uma criança, quando muito pequena, lembra de fatos para poder
pensar, em um outro momento de seu desenvolvimento esta relação se inverte, ou seja, as
funções psicológicas superiores estabelecem uma nova relação entre si. Agora a criança
pensa para poder lembrar.
Vale, portanto, afirmar que as funções psicológicas superiores estão interligadas
pelos sistemas psicológicos. A imaginação também encontra-se submetida a esta lei.
Vigotski (1930/2009) escreve que “tanto o sentimento quanto o pensamento movem a
criação humana.” (p.30). Para ele, a imaginação não pode ser encarada como função
isolada e majoritária para a criação artística, técnica ou científica. Considerar a
imaginação como a única função responsável pela atividade criadora, acarreta retornar as
teorias idealistas e, para além disso, desmerecer todo o trabalho que encontra-se oculto
no produto objetivado pela atividade criadora.
A imaginação assim como qualquer outra função psicológica superior está
interligada com outras funções psicológicas superiores. Rubinstein (1940/1967), mesmo
com várias divergências teóricas com a psicologia histórico-cultural e os escritos de
Vigotski, realiza uma breve menção ao que parece ser a ideia de sistemas psicológicos.
Para Rubinstein, a imaginação cumpre sim um importante papel na atividade criadora,
principalmente na atividade artística, porém ao mesmo tempo encontra-se dependente de
outras funções psicológicas superiores. Logo, a imaginação como função isolada não
possui a possibilidade de objetivar elementos novos na realidade. Na tentativa de explicar
a dependência da imaginação com a atividade e outras funções psicológicas superiores,
Rubinstein utiliza o exemplo do trabalho artístico. Para ele o trabalho do artista muitas
vezes é confundido como uma simples e momentânea intuição, que permite ao pintor,
escritor e outros artistas o poder da criação. Pode-se afirmar, que essa concepção – da
intuição do artista – desmerece todo o trabalho que está contido por detrás da criação. A
verdadeira obra de arte requer estudos, observações e compilações sobre a realidade
objetiva. Essa tarefa não surge de imediato como um simples trabalho de intuição.
Acreditar na intuição do artista é desmerecer todo o mérito de seu trabalho, e das
dificuldades que encontrou para objetiva-lo na realidade material. É na criação artística
que se manifesta, segundo Rubinstein, a imaginação com certa autonomia em relação aos
demais processos. Mas ao mesmo tempo que a imaginação toma frente na criação do
artista, outras funções estão envolvidas nesta atividade criadora como, por exemplo, a
percepção. Esta função, em particular, percebe a realidade em sua forma mais sensível e
a reconstrói a partir de novos elementos. É ainda
Este “milagre” termina na maestria da obra de arte autentica, a qual, ao
transformar o percebido, reflete a realidade objetiva, as vezes mais pura e
perfeitamente, por não dizer mais autenticamente, que jamais é possível chegar
a percepção cotidiana da realidade. (p. 644).
Os aspectos particulares de cada atividade se revelam perante a objetivação em s i
da atividade. Na objetivação da atividade artística, por exemplo, como expressão de uma
atividade criadora, outras funções também cumprem um importante papel na cristalização
dos materiais da imaginação. A percepção, memória, atenção, linguagem e
principalmente o pensamento que opera na reorganização e reelaboração da atividade
criadora. Portanto, pode-se concluir que sem a atividade e a organização das funções
psicológicas superiores em um sistema psicológico, os seres humanos orientariam suas
ações apenas para o passado, vivendo ainda, da natureza em si. A atividade, em específico
a atividade criadora, ocupa um importante papel na transformação da natureza a partir das
necessidades mais diversas dos seres humanos.
Deve-se também apontar a necessidade de realizar novos estudos sobre o
desenvolvimento da imaginação e suas relações com as demais funções psicológicas
superiores. Também surge a necessidade de encontrar em outros psicólogos, que se
propuseram desenvolver uma psicologia marxista, suas contribuições sobre os estudos da
atividade, imaginação e funções psicológicas em geral. Rubinstein, por exemplo, apesar
de divergências com Vigotski e a psicologia histórico-cultural, chega a conclusões
semelhantes às de Vigotski ao escrever sobre a imaginação e a objetivação desta função
a partir da atividade criadora. Vale encontrar em futuros trabalhos novas semelhanças, a
partir dessas diferenças teóricas postas pelas diferentes escolas da psicologia soviética,
que se desenvolveram a partir de uma semelhança metodológica, sendo essa o marxismo.
5 – Referências bibliográficas
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