túmulo amarniano de parennefer -...

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1 Túmulo amarniano de Parennefer (TA 7) Fachada 1, 2 − A família real adorando Aton. Pls. II (sup. es 3, 4 − Motivo idêntico. Pl. II (sup. dir.). Entrada 5, 6 − Entrada. Lintel. A família real adorando Aton Pl. II (sup. centro). 7 − Espessura. A família real e seus servidores. Pl. III (dir.), VII (sup. dir.), VII (esq.). 8 − Espessura. Adoração de Panehesy. Pl. III (esq.), VIII (dir.). Câmara 9, 10 − Recompensa de Panehesy. Pls. IV, IX, X. 11 − Regresso a casa. Pl. V. 12 − Casa e jardim de Panehesy. Pl. VII (inf. dir.). 13 − Músicos e dois cortesãos diante do pavilhão d Rei. Pl. VI 14 − Grafitos. Pl. VII (sup. esq.) Fig. 1 − Planta do túmulo amarniano de Parennefer, TA 7, Davies, RTEA, vol. VI, Pl. II-b. Distribuição das cenas ao longo do túmulo, Porter e Moss, op. cit, vol. IV, p. 220. 2. Cargos wbA nsw wab-awy Copeiro-real de mãos puras imy-r Hmt nbt nt nsw Superintendente de todas as artes do rei imy-r Hmw-nTr Superintendente dos sacerdotes sDAw bity Chanceler do rei do Baixo-Egipto, imy-r kAwt nbt nt nsw m Pr-Itn Superintendente de todos os trabalhos do rei, na Casa de Aton

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Page 1: Túmulo amarniano de Parennefer - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/27994/17/Anexo_T. Amarn. Parenn… · Fig. 2 − Fachada do túmulo amarniano de Parennefer, TA

1

Túmulo amarniano de Parennefer (TA 7)

Fachada

1, 2 − A família real adorando Aton. Pls. II (sup. esq.).

3, 4 − Motivo idêntico. Pl. II (sup. dir.).

Entrada

5, 6 − Entrada. Lintel. A família real adorando Aton.

Pl. II (sup. centro).

7 − Espessura. A família real e seus servidores.

Pl. III (dir.), VII (sup. dir.), VII (esq.).

8 − Espessura. Adoração de Panehesy.

Pl. III (esq.), VIII (dir.).

Câmara

9, 10 − Recompensa de Panehesy. Pls. IV, IX, X.

11 − Regresso a casa. Pl. V.

12 − Casa e jardim de Panehesy. Pl. VII (inf. dir.).

13 − Músicos e dois cortesãos diante do pavilhão do

Rei. Pl. VI

14 − Grafitos. Pl. VII (sup. esq.)

Fig. 1 − Planta do túmulo amarniano de Parennefer, TA 7, Davies, RTEA, vol. VI, Pl. II-b.

Distribuição das cenas ao longo do túmulo, Porter e Moss, op. cit, vol. IV, p. 220.

2. Cargos

wbA nsw wab-awy

Copeiro-real de mãos puras

imy-r Hmt nbt nt nsw

Superintendente de todas as artes do rei

imy-r Hmw-nTr

Superintendente dos sacerdotes

sDAw bity

Chanceler do rei do Baixo-Egipto,

imy-r kAwt nbt nt nsw m Pr-Itn

Superintendente de todos os trabalhos do rei, na

Casa de Aton

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2

É o maior dos túmulos do grupo Sul. O nome do seu possuidor foi removido sempre que

ocorre e PA-rn-nfr resulta de uma conjuntura de U. Bouriant1.

3. Breves notas sobre a arquitectura

Exterior

O túmulo é muito simples, do tipo de corredor cruzado mas possui uma fachada

completamente decorada (fig. 2).

A armação da porta mostra, no seu lintel, a família real adorando à direita e à

esquerda de um altar banhado pelos raios do Sol. Nos umbrais, há apenas um grupo de

cinco cartelas escrito numa linha horizontal, por baixo do Disco Solar.

Uma parede alisada, à direita e à esquerda da entrada está ocupada por relevos a

parte superior dos quais sofreu a erosão do tempo. As duas cenas mostram, com pequenas

diferenças, a habitual cena de adoração a Aton pela família real. Há apenas três princesas e

embora as inscrições estejam deterioradas é fácil perceber a figura de Mutnedjemet, a irmã

da rainha. Exerce as funções de flabelífera e segue as sobrinhas. O sumptuoso

acompanhamento militar que é característico deste tipo de cenas só foi executado à

esquerda, na parede norte.

Fig. 2 − Fachada do túmulo amarniano de Parennefer, TA 7. Cena de adoração a Aton pela família

real. Distingue-se o nome das princesas Meritaton e Ankhesenpaaton. O nome do deus é expresso

através da 1ª fórmula. Davies, RTEA, vol. VI, Pl. II-a.

1 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 1.

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3

A armação da porta mostra no lintel a família real adorando à direita e à esquerda

de um altar banhado pelos raios do Sol. Nos umbrais há só um grupo de cinco cartelas

escrito numa linha horizontal, por baixo do Disco Solar.

Aqui, os carros reais fizeram alto a uma distância respeitosa2 e vemos Parennefer,

fazendo uma oferenda privada, embora a sua posição frontal relativamente ao rei pareça

indicar que é ele o seu verdadeiro destinatário3. Ajoelha diante de uma das pequenas

capelas laterais ou armazéns, enquanto o seu amo oficia no grande altar4.

Interior

À excepção da entrada e das duas paredes da metade norte, o túmulo está

inacabado5. O chão não foi cortado até à devida profundidade. As paredes da metade sul

parecem ainda muito irregulares e a parede sul só foi esboçada a tinta. A porta na

extremidade norte do corredor foi aberta mas em vez de dar entrada para uma capela ou

estátua, dá para uma série de pequenas câmaras sucessivas e mal escavadas6.

A entrada oriental foi inscrita a tinta com fragmentos dos textos de oferenda Htp

di nsw na ombreira direita que foi depois quase destruída num esforço para prolongar as

escavações nesta direcção7.

Na parede ocidental a sul da entrada há restos de grafitos hieráticos (fig.3) que, de

acordo com Griffith se refeririam ao templo de Tot em Khemennu8.

2 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 1. 3 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 1. 4 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 1. 5 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 2. 6 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 2. 7 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 2. 8 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 2, nota 2.

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4

Fig. 3 − Grafitos da parede ocidental, Pl.VII-a.

4. Cenas e Inscrições

Espessura da parede Norte (Pls. III, VII, VIII)

Este espaço é ocupado pela representação da família real. Na parte inferior desta cena,

aparece também Parennefer entre os escribas e oficiais que constituem o séquito do rei. Os

auxiliares transportam água, bancos e o material próprio dos escribas, como para uma inspecção

real. Aqui o rei está em movimento, caminha sob os protectores raios de Aton, mas protegido pelos

guarda-sóis, agarra firmemente o seu longo bordão e com o braço direito envolve os ombros da

rainha, atrás da qual seguem a Meritaton e as suas duas irmãs, ternamente enlaçadas.

Fig. 4 − Espessura da parede norte. A família real regressando de uma cerimónia religiosa, Pl. III-b

Tudo isto recorda as palavras da Estela do ano 6:

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5

Hmt-nsw wrt Nfr-nfrw-Itn Nfrt-ity anxti Dt nHH m pAy

HH(w) n rnpt (w) iw.s Xr drt pr- aA anx wdA snb rdit i(A)wy

sAt-nsw Mrit-Itn sAt-nsw Makt-Itn nAyw s(Dt)yw(.sn) iw Xr drt

tA Hmt-nsw pAy.sn mwt r nHH Dt

A grande esposa real, Neferneferuaton Nefertiti, que ela viva eternamente e para

sempre nestes milhões de anos. Ela está sob a mão (a autoridade) do faraó, vida, força e

saúde e (ele também) concederá uma idade avançada à princesa Meritaton e à princesa

Maketaton, suas filhas9, que estão sob a autoridade da esposa real sua mãe, para sempre e

eternamente10.

Espessura da parede sul (Pls. III, VIII)

Parennefer, representado em oração, está vestido de cerimónia. A cabeça apresenta-se

rapada e o pescoço está adornado por cinco pesados colares de ouro. O texto está muito deteriorado

e o seu nome, que ocorre duas vezes no texto, foi removido.

Fig. 5 − Oração a Aton e ao rei. Túmulo do copeiro Parennefer (TA 7). Espessura da parede sul,

Pl.III-a

9 sDtyw, filhos

10 Estela do ano 6, lns. 53-58

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6

1

rdit iAw Itn anx sHD ta nb m nfrw.f

Graças sejam dadas a Aton, quando ilumina toda a terra com a sua beleza11

wbn anx Hr rmT.nb

e, vivo, se eleva sobre toda a gente,

2

kA nsw anx m MAat nb tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra di anx

e ao ka do rei que vive em Maet, o senhor das Duas Terras Neferkheperuré Uaenré, dotado de vida,

3

ir SAy sxpr rnnt nb qrst (sic) di iAw nb aHaw wsrw

que faz o destino e cria o alimento, senhor do funeral e dador da velhice, senhor de um excelente

tempo de vida,

ra wADw.f

no dia da sua prosperidade.

4

anx tw snb Tw n mAA.k

Vivemos saudáveis (só) de ver-te

5

11 Segundo a reconstrução de Sandmann. Ver SANDMANN, op. cit., , p. 69.

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7

rs tw dwA pAy.k Hr nfr

e acordamos para adorar a tua bela face.

6

di.f aHaw nfr Smsi nsw nDm-ib rSwt ra-nb

Possa ele conceder-me um bom tempo de vida a acompanhar o rei, contente e com alegria de viver

todos os dias

7

pH nn m qrst nfrt m Hsw n nTr nfr

e alcançar (tudo) isto num belo funeral pelo favor do deus bom;

8

iwt annt pr nsw Haw Xnm m Hsw(t) n di.f

entrada e saída na casa do rei com os membros dotados pelo favor que é uma dádiva sua.

9

n kA n Hsy-s n nTr nfr Hm nsw ti sw m inp

Pelo ka de um que o deus bom favoreceu, o servidor do rei que lhe foi atribuído desde a altura em

que era príncipe,

10

wbA nsw waAb-awy bn Hm.f PA-rn-nfr wHm anx

o copeiro-real de mãos puras de Sua Majestade, Parennefer, que vive de novo. Ele diz:

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8

11

di.k aHaw.k n sA.k mri.k nb tAwy Nfr-xprw-Ra Wa-n-Ra

Concede o teu tempo de vida ao teu amado filho, o senhor das Duas Terras Nefer-kheperuré Uaenré

12

mtnw(t).k sw m … … Hb-sd

a tua recompensa para ele por … … jubileu

13

stwt.k m anx wAs Hr rnpi Haw.f ra-nb …

e com os teus raios, em vida e domínio, a rejuvenescer o seu corpo todos os dias

14

… … … n (n)HH m Axt-Itn Hry sHtp kA.k m mn(t)

… … … na continuidade, em Akhetaton, o que está a propiciar o teu ka diariamente.

15

di.k n.i iAwt nfrt m Hsw nsw Sms kA.f ra-nb

Concede-me uma boa velhice, pelo favor real, a seguir diariamente o teu ka,

16

aHaw nfr Hr mAA nb tAwy nn ir Abw m nfrw.f

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9

um bom tempo de vida a contemplando, sem cessar12, o senhor das Duas Terras, na sua beleza.

17

n kA n wbA nsw waAb-awy bn Hm.f PA-rn-nfr mAa-xrw

Pelo ka do copeiro-real de mãos puras de Sua Majestade, Parennefer, justificado.

Parede oeste, lado norte (Pls. IV,V, VII, IX, X)

A cena retrata a recompensa de Parennefer. Com a sua riqueza de detalhe e belamente

colorida contrasta com o aspecto grosseiro e inacabado do resto do túmulo, embora também ela

esteja vandalizada e totalmente desaparecida em alguns troços. Graças a cópias anteriores pôde, em

grande parte, ser restaurada.

Fig. 6 − Parennefer é recompensado pelo rei e pela rainha, debruçados na janela do seu

palácio. Akhenaton e Nefertiti estão acompanhados por três filhas: Meritaton, Maketaton e

Ankhesenpaaton. Surge também a irmã da rainha, Mutnedjmet. Repare-se na 1ª fórmula do nome de

Aton. Parede ocidental, Pl. IV.

12 Confusão, habitual a partir da XVIII dinastia, entre os signos U23, e R15. Ver GARDINER, op. cit., p. 502.

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10

O casal régio debruça-se uma vez mais da janela das aparições e Akhenaton parece dirigir-

se ao seu velho copeiro13. Apoia-se na grande almofada vermelha com losangos azuis, que já foi

testemunha de tantas cenas semelhantes. A varanda está ornamentada com uma versão de smA-

tAwy. Se a face do rei é «normal» dentro dos cânones amarnianos, o pescoço está muito alongado

e as ancas absolutamente desproporcionadas. Usa um largo peitoral onde brilham as duas cartelas

de Aton que, tal como em Nefertiti, lhe adornam os braços, presas por fitas. Os raios de Aton

trazem-lhe para além da vida, a serpente uraeus, protecção real por excelência.

No Pátio. Metade direita da Pl. IV:

Dentro da entrada central do pátio do palácio que aqui é representado como um portão

duplo aberto numa alta parede, vê-se o grupo das bigas reais e os notáveis da cidade, encabeçados

pelo vizir Nakhtpaaton que, em posição reverente, ergue a mão para saudar o rei14. A mesma atitude

é seguida pelos cortesãos que estão atrás do vizir ou numa fila paralela. Na fila de cima, um

servidor parece decantar vinho num grande jarro e atrás dele um grupo de núbios e asiáticos saúdam

ou prostram-se diante da majestade real e/ou da majestade divina.

Representado no acto de receber colares de ouro e de braços erguidos em saudação, Parennefer

parece dançar.

Fig. 7 − Parennefer recebendo colares de ouro.

13 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 4.

14 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 4.

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11

Um servo espalha sobre ele unguentos, certamente preciosos, e outros sucedem-se

transportando peitorais, colares, anéis, vestes, cestos, jarros15. A cheia deste Hapi inunda Parennefer

de riquezas, cuidadosamente anotadas pelos escribas.

Fora dos portões do palácio (Pl. V):

Como esta parte da cena não foi gravada, quase desapareceu16. Quatro dos cinco registos

estavam aparentemente destinados ao desfilar dos servos, transportando a recompensa do rei de que

só podemos distinguir uns poucos jarros, vasos e bacias. No meio da escolta, Parennefer no seu

carro, efectua um triunfante regresso. Vemo-lo no momento em que as mulheres da sua casa vão ter

com eles com música e dança. A esposa é a primeira a dar-lhe as boas vindas, com as mãos

erguidas. O seu exuberante discurso de louvor ao faraó está quase todo desaparecido mas ainda

podemos ler: «[A dona] de casa, a favorita da grande esposa real …re, ela (diz?):” concede-lhe …

Nefertiti(?) [vivendo] para sempre … eternamente e para sempre»17.

Fig. 8 − Depois da cerimónia, Parennefer é conduzido a casa, no seu carro e na companhia da sua

gente que transporta os belos presentes que recebeu.

15 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 4. 16 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 4. 17 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 4.

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12

18

nbt-pr Hsyt n Hmt-nsw wrt … -Ra Dd.s … …

A dona de casa, a favorita da grande esposa real, …-Ré, ela diz: … …

19

… … wbA nsw waAb-awy PA-rn-nfr … …

o copeiro-real de mãos puras, Parennefer … …

20

di.f n.k … … Nfr-nfrw-Itn Nfrt-ity anx ti Dt nHH

Concede-lhe … … Neferneferuaton Nefertiti, que ela viva eternamente e para s

Casa de Parennefer (Pl. VII)

É evidente, a partir da figura anterior e do estudo de pinturas semelhantes, que a cena

anterior não está completa. Devia estender-se ao longo da estreita fita da parede norte, a ela

adjacente e ter incluído como acontece muitas vezes uma representação da casa do oficial. Deste

desenho a tinta, só resta um pequeno fragmento pode ser recuperado na parte debaixo da parede18.

À esquerda aparentemente está o muro que limita a casa com uma porta que dá para o jardim.

Imediatamente logo está um edifício ou um recinto com uma porta contendo um altar carregado de

oferendas. Mais além, um jardim, cujo arranjo e conteúdo já não se distinguem.

18 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 5.

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Parede ocidental, lado Norte (Pl. VI)

Fig. 9 − Uma audiência real. Parede oriental (Pl. VI).

Esta cena nunca foi gravada a cinzel e aquilo que resta do desenho a tinta só se pode

decifrar com grande dificuldade e mesmo em certos pontos com muita incerteza19. Uma grande

parte da parede, à esquerda da figura, não mostra sinais de desenho e talvez nunca os tenha recebido

enquanto as escavações à volta da entrada removeram o extremo da cena à direita, onde a rainha e

as princesas estavam provavelmente sentadas, atrás do rei20. Este é o único caso neste grupo, para

além do caso particular do túmulo de Mahu, no qual uma cena da parede traseira está preservada.

Foi, talvez, um modelo destinado a figurar em outros túmulos como os de Ay e de Tutu. A cena

19 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 5. 20 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 5.

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mostra o rei sentado num banco, debaixo de um dossel, e sobre um pedestal elevado com entrada

em declive (cf. II, XXXVIII). O motivo do seu aparecimento em público não é evidente a partir da

cena e a inscrição posta na boca dos cortesãos pode ser mais uma manifestação de adulação: «Ó

faraó, milhões de anos e miríades de jubileus…»21. O rei exibe a coroa atef e pode estar a conceder

audiência a uma embaixada que lhe apresenta tributos, tal como se vê na figura.

Talvez o grande arranjo de vasilhas, pratos, jarros e mesas e cheias de comida, fosse apenas

destinado a mostrar a abundância que existia no palácio e o rei gozasse um momento de

descontracção. Parennefer, no exercício do seu cargo, derramaria água sobre as mãos e os pés do

seu amo22.

O baldaquino, sob o qual o rei está sentado, é suportado por colunas de madeira com o

capitel formado pela união de um lótus e seus botões com um lírio. O rei está a ser servido pelo seu

copeiro e um outro oficial, talvez Parennefer, ajoelha a seus pés enquanto aguarda pela taça que

provavelmente encherá de novo.

Grupos de músicos, entre os quais um agrupamento feminino, distraem Sua Majestade. Os

seus instrumentos já não se distinguem mas ainda se pode ver uma harpa de pé e um trigon que é

transportado sobre um ombro e talvez ainda uma lira e um alaúde. Outros músicos estrangeiros (?),

com os seus peculiares barretes cónicos, tocam uma grande lira vertical (cf. III, V, VII).

Texto do lado esquerdo da fig. 9

Discurso dos funcionários:

21

Dd-mdw pr-aA mnw HHw rnpwt …

Palavras ditas: Ó faraó23 que foste estabelecido por milhões de anos …

22

pA Sri wb(n) tHn n pA Itn

21 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 5. 22 DAVIES, Norman de G., RTEA, vol. VI, p. 5. 23 As primeiras quatro palavras seguem as reconstituições de Sandmann e de Murnane. Ver SANDEMANN, op.

cit., p. 70. e MURNANE, op. cit., p. 178.

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15

Ó filho de Aton, que te ergues brilhante

23

rnpt rnpi.k n.n …

sê jovem para nós …

24

iw(.k) psdt ti m pA wb(n)y n pA Itn anx

Tu és brilhante no erguer do Aton vivo

25

iw.k Hr mAA nAyw.f stwt anw(t) n nA …

Tu estás a vê-lo e aos seus belos raios …

26

Twi q(A)b n.k Hsb Hbw-sd sw(A)D.f n.k tA nb di.f n.k

Duplicando-te a contagem dos jubileus que decretou para ti. É-te concedida toda a terra

27

… … … r irt n ib.k … … … fx n …

… … … para dispores (dela) segundo o teu coração … … partida de …

28

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16

Sanx HAty … … n …

Fazendo viver o coração … … de …

29

pA wa-n-Ra mri r sw pA Itn

O único de Ré, amado por Aton.